domingo, 28 de outubro de 2012

C. H. SPURGEON - TEMPO DE COLHEITA





Extraído de Teachings of nature in the kingdom of grace.


Não ê, agora, o tempo da sega do trigo? (ISm 12.17)
Não pretendo analisar o contexto, mas simplesmente usar estas palavras como lema, e situar meu sermão num cam­po que está sendo colhido. Vou usar a colheita como texto, e não outro assunto que possa ter na passagem. "Não é, agora, o tempo da sega do trigo?"
Imagino que quem mora na cidade presta menos aten­ção em tempos e estações do que quem mora no interior. As pessoas que nasceram, cresceram, se alimentaram e foram ensinadas em meio a plantações, colheitas, semeaduras e fru­tas maduras, percebem com mais facilidade essas coisas do que você que está ocupado com o comércio e pensa menos nisso do que os interioranos. Mas eu acho que, mesmo sendo quase necessário que você pense menos em colheitas do que aqueles, isso não deve ser levado a extremos. Não devemos esquecer as estações e as épocas. Há muito a aprender delas, e quero avivar suas lembranças de como é um campo de ceifa. Esse mundo é um templo maravilhoso, que Deus construiu para que o ser humano o adorasse nele. E um templo maravilhoso para a mente esclarecida, que pode aplicar nele os recursos do intelecto e a iluminação do Espírito Santo! Não há uma única flor nele que não nos ensine uma lição, não há uma onda, um trovão que não tenha algo a dizer a nós, filhos dos homens. Este mundo é um grande templo, e assim como você, ao andar por um templo egípcio, sabe que cada sinal e cada figura têm um significado, deve saber também que, quando anda por este mun­do, tudo tem algum sentido para você. Não é uma idéia despropo­sitada dizer que "há sermões nas pedras", pois este mundo foi criado para nos ensinar com cada coisa que vemos. Feliz é aquele que tem mente e espírito abertos para aprender essas lições da natureza. O que são as flores? Nada menos que pensamentos con­cretos de Deus, pensamentos belos aos quais ele deu forma. O que são as tempestades? Pensamentos terríveis de Deus, escritos para que possamos lê-los. O que são os trovões? Expressões emo­cionais de Deus que podemos ouvir. O mundo nada mais é que a materialização dos pensamentos de Deus, uma idéia a seus olhos. Ele o fez de um pensamento que surgiu em sua mente poderosa, e tudo neste majestoso templo que ele fez tem um significado.
Neste templo há quatro evangelistas. Assim como temos quatro grandes evangelistas na Bíblia, há quatro também na natu­reza. São os quatro evangelistas das estações — primavera, verão, outono e inverno.
Primeiro vem a primavera, e o que ela diz? Olhamos e vemos como, pelo toque mágico da primavera, insetos que pareciam estar mortos começam a acordar, sementes que estavam sepultadas no pó começam a erguer suas formas esplêndidas. O que diz a primavera? Ela levanta sua voz e diz ao ser humano: "Mesmo que você adormeça, você voltará a se levantar; há um mundo em que você existirá numa forma mais gloriosa; agora você é uma semente e será sepultado no pó, mas pouco depois você ressuscitará." A primavera anuncia essa parte do seu evangelho. Depois vem o verão. Este diz ao ser humano: "Contemple a bondade do Criador amoroso: 'Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons';(Mt 5.45) eis salpica a terra com flores, cobre-a com essas jóias da criação. Ele faz a terra florir como o Éden e produzir como o jardim do Senhor." É o que diz o verão. Depois vem o outono, do qual ouviremos a mensagem. Ele passa, e vem o inverno, coroado com gelo, que nos diz que há tempos difíceis para o ser humano. Ele aponta para os frutos que estoca­mos no outono, e nos diz: "Homem, veja se reserva alguma coisa para si, algo para o dia da ira; guarde os frutos do outono, para poder alimentar-se deles no inverno." Quando o ano velho acaba, seu sino fúnebre nos diz que o ser humano precisa morrer; e quando o ano termina sua mensagem evangelística, vem outro para ensinar a mesma lição de novo.
Nós vamos deixar o outono pregar. Um dos quatro evangelistas dá um passo à frente e pergunta: "Não é, agora, o tempo da sega do trigo?" Iremos pensar um pouco na colhei­ta, a fim de aprender algo dela. Que o bendito Espírito de Deus ajude seu pó e cinzas fraco a pregar sobre as insondáveis riquezas de Deus, para proveito da sua alma!
Falarei de três colheitas alegres e três colheitas tristes, começando com as alegres.


A primeira colheita feliz que quero mencionar é a do campo do qual Samuel falou no texto acima. Não podemos esquecer a colheita do campo. Não é bom esquecer destas coisas: não devemos olhar os campos cobertos de trigo e seus tesouros estocados em silos, sem nos lembrarmos da bondade de Deus. A ingratidão, o pior dos males, é uma dessas víboras que faz seu ninho no coração humano, e a serpente não pode ser morta enquanto a graça divina não vir e aspergir o sangue da cruz no coração do homem. Todas as cobras morrem quan­do o sangue de Cristo vem sobre elas. Deixe-me levá-lo por um momento para um campo em época de colheita. A plantação pode ser esplêndida, as espigas curvando-se quase até o chão de tão pesadas, como que dizendo: "Eu venho do chão, é a ele que devo tudo; por isso me curvo", assim como faz o bom cristão quando está repleto de anos. Quanto mais fruto ele tem sobre si, mais inclinada está sua cabeça. Quando você vê as hastes inclinando as espigas, é porque estão maduras. E bom e precioso ver essas coisas.
Agora imagine o contrário. Imagine que este ano as espigas ficaram doentes e secas, que estão como o segundo feixe de trigo que o faraó viu, muito magras e pobres. O que seria de nós? Em época de paz poderíamos contar com supri­mentos abundantes da Rússia para compensar a deficiência; agora, em tempos de guerra, quando nada pode vir, o que seria de nós? Podemos, conjeturar, (Era a época da guerra da Criméia) podemos imaginar, mas não creio que possamos achar uma solução. Só podemos dizer: Graças a Deus ainda não precisamos contar com o que poderia ser; Deus, vendo uma porta fechada, abriu outra. Ao ver que não con­seguiríamos suprimentos dos campos ricos do sul da Rússia, ele abriu uma porta em nossa própria terra. "Tu és minha ilha favori­ta", ele diz; "eu te amei, Inglaterra, com um amor especial. Tu és minha favorita, o inimigo não te esmagará. Para que não morras de fome, por falta de provisões, eu te encherei os galpões em casa. Teus campos estarão cobertos, para que possas zombar do inimigo: 'Não irás nos assustar e nos fazer passar fome; aquele que alimenta os corvos deu comida ao seu povo e não abandonou sua terra favorita,'" Não há uma só pessoa que não esteja interes­sada nesse assunto. Alguns dizem que os pobres deveriam ser gra­tos por haver abundância de pão. Os ricos também. Não há nada que aconteça com um membro da sociedade que não afete a to­dos. Os degraus da hierarquia apoiam-se uns nos outros; se há escassez nas fileiras mais baixas, ela atinge o degrau acima, e o próximo, e o seguinte, e até a rainha em seu trono sente a escas­sez até certo ponto, quando Deus se agrada em enviá-la. Ela afeta todas as pessoas.


A segunda colheita feliz é a colheita de todo cristão. Em certo sentido o cristão é a semente, em outro ele é o ceifeiro. Em um sentido ele é a semente que Deus planta e que deve crescer e amadurecer, germinar até o grande tempo da colheita. Em outro sentido, todo cristão é um semeador enviado ao mundo para plantar somente boas sementes. Com isso não estou dizendo que os cristãos nunca plantam outras sementes que não as boas. Às vezes, quando não nos cuida­mos, tomamos alho nas mãos em vez de trigo; e podemos semear ervas daninhas em vez de cereal. Os cristãos às vezes cometem erros, e às vezes Deus deixa seu povo cair, de modo que semeiam pecados. Só que o cristão nunca colhe os seus pecados; Cristo os colhe por ele. Muitas vezes o cristão tem de tomar uma infusão feita com as folhas amargas do pecado, mas ele nunca colhe os seus frutos. Cristo já recebeu o castigo. Tenhamos em mente, porém, que, se você e eu pecarmos contra Deus, ele tomará nosso pecado e fará dele uma essên­cia que será amarga ao nosso paladar. Ele não nos obriga a comer os frutos, mas mesmo assim ele nos fará sentir tristeza e arrependimento por nossos crimes. O cristão, todavia, como eu disse, deve estar empenhado em semear sementes boas, e assim ele fará uma colheita gloriosa.
Em um ou outro sentido o cristão estará semeando. Se Deus o chama para o ministério, ele está plantando. Qualquer que seja sua profissão, ele planta. Eu espalho sementes por um campo muito vasto, não consigo ver aonde vão todas elas. Parte do campo é como chão duro, e resistem à semente que eu lanço. Deixe-os — não faço objeção de que qualquer pessoa o faça. Eu sou responsável somente a Deus, de quem sou ser­vo. Há outros sobre quem minha semente cai para produzir pouco fruto, pois quando o sol se levanta, por causa da perse­guição eles secam e morrem. Entretanto, espero que haja mui­tos que são como o solo bom que Deus preparou, de modo que, quando espalho a semente, ela cai em terra fértil e produz uma colheita abundante. Sim, um pastor tem uma colheita alegre, já neste mundo, quando vê pessoas se convertendo.
Todo cristão tem sua colheita. O professor de escola dominical tem a sua: ele prepara e ara solo às vezes muito pedregoso, mas terá sua colheita. Oh, pobre professor de cri­anças, você ainda não viu fruto? Você diz também: "Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Se­nhor?"(Is 53.1) Anime-se, você trabalha numa boa causa, é necessário que alguém faça este trabalho. Você ainda não viu nenhuma crian­ça se converter? Não tenha medo, você não pode esperar que a semente brote muito rápido, mas
Apesar de há tempo estar no chão, Não decepcionará; Preciosa ceifa dá o grão Deus o garantirá.
Continue semeando em silêncio, e você terá a sua colheita quando vir as crianças se convertendo. Conheci professores de escola dominical que podiam contar uma dúzia, vinte ou trinta crianças que uma após outra vieram a conhecer o Senhor Jesus Cristo e se juntaram à igreja. Mesmo que você não for viver para vê-lo aqui na terra, lembre-se que você é responsável por seu trabalho, não por seu sucesso. Continue trabalhando e semeando! "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás."(Ec 11.1) Deus não deixará que sua palavra seja desperdiçada: "Não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz."
Houve uma vez um menino, uma criança muito cheia de pecados, que não ouvia os conselhos dos seus pais. Porém sua mãe orava por ele, e agora ele prega a esta comunidade todos os domingos. Quando sua mãe lembra que seu primogênito está pre­gando o evangelho, ela faz uma colheita gloriosa que a torna uma mulher feliz. Bem, pais e mães, este pode ser o caso de vocês. Por piores que sejam seus filhos no presente, continuem insistindo no trono da graça, e vocês terão sua colheita. O que você acha, mãe: você não se alegraria de ver que seu filho é um ministro do evan­gelho? Sua filha ensinando e auxiliando na causa de Deus? Deus não permitirá que você ore sem que suas orações sejam respondi­das.
Jovem, sua mãe já lutou um bom tempo por você, e ela ainda não ganhou a sua alma. Você está roubando a colhei­ta da sua mãe! Se ela tivesse um pequeno pedaço de chão ao lado da sua cabana onde ela plantou um pouco de trigo, você iria queimá-lo? Se ela tivesse uma flor especial em seu jardim, você a pisotearia? Você que está andando no caminho dos condenados, você está roubando a colheita dos seus pais. Tal­vez haja aqui alguns pais que estão chorando por seus filhos e filhas, porque estão endurecidos e não querem se converter. Deus, faz os corações deles voltarem! Porque amargo é o desti­no do homem que vai para o inferno por um caminho que foi lavado pelas lágrimas da sua mãe, que tropeça sobre os avisos do seu pai, que pisoteia as coisas que Deus pôs em seu cami­nho — as orações da sua mãe e os suspiros do seu pai. Deus impeça que alguém faça uma coisa dessas! E graça maravilho­sa se ele o ajuda.
Você terá sua colheita onde quer que for. Eu imagino que todos vocês estão fazendo alguma coisa. Não posso menci­onar a atividade de cada um, mas confio que cada um esteja servindo a Deus de alguma maneira, e vocês certamente terão sua colheita em cada direção em que jogarem a semente. Mas imaginemos o pior — que você não vá viver para ver a colheita neste mundo: você terá sua colheita quando chegar no céu. Se você vive e morre como uma pessoa desapontada neste mun­do, você não será desapontado no próximo. Eu imagino como alguns filhos de Deus ficarão surpresos quando chegarem ao céu. Eles verão seu Mestre, e ele lhes dará uma coroa:
Senhor, por que esta coroa?
Esta coroa é porque você deu um copo de água fria a um dos meus discípulos.
O quê? Uma coroa por causa de um copo de água fria?
Sim — diz o Mestre, — é assim que pago a meus servos. Primeiro lhes dou a graça para darem aquele copo de água, depois lhes dou a coroa.
"Na presença de Deus há milagres da graça." Aquele que semeia com generosidade ceifará liberalmente, e o que semeia com avareza colherá esparsamente.
Bem, amados, preciso mencionar rapidamente a ter­ceira colheita feliz. Tivemos a colheita do campo e a colheita do cristão. Temos agora a terceira, que é a colheita de Cristo.


Cristo teve seu tempo de semeadura. Que tempos amargos foram aqueles! Cristo saiu levando sementes precio­sas. Oh, eu imagino Cristo semeando no mundo. Ele semeou com lágrimas; semeou com gotas de sangue; semeou entre suspiros; semeou com agonia no coração; e, por último, se­meou a si mesmo no chão, para ser a semente de uma colheita gloriosa. Que tempo de semeadura foi o dele! Ele semeou em tristeza, em pobreza, em compaixão, em lamento, em agonia, em dores, em sofrimento e em morte. Ele também terá a sua colheita. Jeová o jura, bendito seja o seu nome: a predestinação eterna cio Todo-poderoso determinou que Cristo terá a sua colheita. Ele semeou e haverá de colher. Ele espalhou e terá sua recompensa. Ele "verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos." (Is 53.10) Meus amigos, Cristo já começou a fazer sua colheita. Sim, cada alma; que se converte é parte da sua recompensa; toda pessoa que vem ao Senhor é parte dela. Toda alma arrancada da lama e colo­cada no caminho do Rei é parte da colheita de Cristo. Entretanto, ele colherá ainda muito mais. Há uma grande colheita a vista no último dia, quando ele colherá braçadas cheias de feixes e os colo­cará em seu depósito. Atualmente as pessoas vêm a Cristo um por um, em dois ou em três, mas então virão em grandes grupos, de modo que a igreja dirá: "Quem são estes que vêm como pombas para suas janelas?."
Haverá uma colheita maior quando não houver mais tempo. "Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aven­turados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham." Elas não vão antes, para esperá-los no céu. "Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu. E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada."8 Esta é a colheita de Cristo.
Observe também que há primeiro uma colheita e depois uma vindima. A colheita é dos justos, a vindima dos ímpios. Os ímpios são reunidos por um anjo, mas Cristo não deixa a colheita dos justos para os anjos: "Ele [...] passou a sua foice." O minh'alma, quando você for morrer, o próprio Cristo virá ao seu encontro; quando fores cortada, será quase instantaneamente, com a foice afiada daquele que está sentado no trono. Ele mesmo fará a co­lheita; ninguém a não ser o Rei dos santos poderá reunir os que pertencem a Cristo. Não será uma colheita cheia de júbilo quando toda a raça eleita, um por um, for trazida?
Agora precisamos nos voltar para as três colheitas tristes. Que grande pena! O mundo antigamente era como uma harpa eólica; todo vento que soprava nela criava uma melodia. Agora as cordas estão frouxas e discordantes, e quando tocamos as notas da alegria, os tons graves da tristeza logo as sucedem.
A primeira colheita triste é a da morte. Todos nós vivemos para quê? Para o túmulo. Às vezes sento e penso nestes termos: O que é o ser humano? Ele cresce, cresce, até chegar no seu auge, lá pelos quarenta e cinco anos, se Deus lhe permitir chegar até lá. Então, o que ele faz? Ele continua por mais um pouco onde está, e depois começa a descer a colina. Se continua a viver, é para quê? Para morrer. As chances são muitas de ele não chegar aos setenta: ele morre cedo. Não vivemos todos nós para morrer? Entretanto, ninguém morre antes de estar maduro. A morte nunca ceifa seu trigo verde, só corta o cereal quando ele está ma­duro. Os ímpios morrem, mas sempre quando estão maduros para o inferno. Aquele pobre ladrão que não creu em Jesus quando faltava talvez uma hora para a sua morte — ele estava tão maduro como um santo de setenta anos de idade. Os santos estão sempre prontos para a glória quando vem a morte, o ceifeiro, e os ímpios estão sempre maduros para o inferno quando Deus decide man­dar chamá-los. O grande ceifeiro passa pela terra, deitando centenas e milhares por terra! Tudo em silêncio; a morte não faz barulho com seus movimentos, ela pisa a terra com pés de veludo — ninguém pode resistir ao ceifeiro incansável. Ele é invencível, e ceifa, ceifa, derrubando a todos. Às vezes ele pára e afia sua foice; em seguida ele a mergulha em sangue, ceifando-nos com guerras; ele toma sua pedra de afiar, a cóle­ra, e ceifa mais ainda. Ele grita sempre: "Mais! mais! mais!" O trabalho não pára. Ceifeiro espetacular! Quando você vier me ceifar, não poderei lhe resistir; terei de cair como os outros. Quando você vier, não terei nada para dizer. Terei de ficar no meu lugar como uma haste de trigo, e você me cortará! Que o Senhor esteja ao meu lado, me conforte e me anime; que eu descubra que a morte é um anjo da vida — que a morte é o portal do céu; que ela é o pórtico exterior do grande templo da eternidade, que ela é sala de entrada da glória!
Há uma segunda colheita triste, que é a que o ímpio tem de colher. A voz inspirada disse: "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará." Há uma colheita que espera por todos os ímpios neste mundo. Ninguém peca contra seu corpo sem colhe* os resultados disso. O jovem diz: "Pequei e fiquei im­pune." Parado aí, meu jovem! Vá para aquele hospital, veja as pessoas consumindo-se em suas doenças. Veja este infeliz, trêmu­lo e inchado, e eu lhe digo — recolha sua mão! Ou você se tornará como ele. A sabedoria manda você parar, porque seus passos o estão levando para o inferno. Se você entrar "em casa alheia",10 você terá a sua colheita. Há a colheita que toda pessoa recebe quando peca contra seus companheiros. Aquele que pecar contra outra criatura terá sua colheita. Alguns homens andam por este mundo como guerreiros com esporas nos pés, pensando que po­dem pisar em quem quiserem, mas eles se depararão com seus erros. Quem peca contra os outros, peca contra si mesmo; assim é a natureza. Há uma lei na natureza, que uma pessoa não pode ferir seus companheiros sem ferir a si mesma. Você que causa tristeza a outros corações, não pense que a tristeza vai ficar por ali; você terá de colher as conseqüências para si. E ainda, ninguém pode pecar contra sua propriedade sem colher os efeitos disso. O vilão miserável que amontoa seu ouro, ele peca contra seu ouro.
Ele se corrói, e daquela fortuna guardada ele receberá uma colhei­ta. Sim, este patife miserável, sentado à mesa à noite e forçando seus olhos cansados para contar seu ouro, este homem faz sua colheita. A mesma coisa faz o jovem gastador. Ele terá sua colhei­ta quando todos os seus bens estiverem desperdiçados. Sobre o filho pródigo lemos que "ninguém lhe dava nada" — ninguém daqueles que ele antes divertia — e a mesma descoberta fará o pródigo de hoje. Ninguém lhe dará nada. A pior colheita, porém, terão aqueles que pecarem contra a igreja de Cristo. Não quero que ninguém peque contra seu corpo; não quero que ninguém peque contra sua propriedade; não quero que ninguém peque con­tra seus companheiros; mas, acima de tudo, não quero que nin­guém toque na igreja de Cristo. Aquele que toca no povo de Deus, toca na menina dos seus olhos.
A terceira colheita triste é a colheita da ira do Todo-poderoso, quando for a hora de reunir os ímpios. No capítulo 14 do Apocalipse você vê que Deus mandou o anjo reunir as uvas, colocá-las no tanque, depois do que o anjo as pisou até que o sangue escorreu, chegando até os freios dos cavalos numa extensão de 300 quilômetros. Que quadro esplêndido para expressar a ira de Deus! Imagine um grande tanque, onde nossos corpos são jogados como uvas; imagine um enorme gigante pi­sando a todos. Essa é a idéia —- que os ímpios serão amontoados e um anjo os amassará sob seus pés até que o sangue escorra até um metro de altura. Que Deus, em sua misericórdia soberana, garanta que nem você nem eu tenhamos uma colheita como essa; que Deus não nos ceife nessa colheita terrível, mas que tenhamos nossos nomes escritos entre os santos do Senhor!
Você terá sua colheita na hora certa, se não desanimar. Continue semeando, meu irmão, minha irmã; no devido tempo você fará uma colheita abundante.
Extraído de Teachings of nature in the kingdom of grace. (Também no Harves time - Sermão 2897 - Agosto de 1854).

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