Extraído de Teachings of nature in the kingdom of grace.
Não ê, agora, o tempo da sega do trigo? (ISm 12.17)
Não
pretendo analisar o contexto, mas simplesmente usar estas palavras como
lema, e situar meu sermão num campo que está sendo colhido. Vou usar a
colheita como texto, e não outro assunto que possa ter na passagem.
"Não é, agora, o tempo da sega do trigo?"
Imagino que quem mora na cidade presta menos atenção
em tempos e estações do que quem mora no interior. As pessoas que
nasceram, cresceram, se alimentaram e foram ensinadas em meio a
plantações, colheitas, semeaduras e frutas maduras, percebem com mais
facilidade essas coisas do que você que está ocupado com o comércio e
pensa menos nisso do que os interioranos. Mas eu acho que, mesmo sendo
quase necessário que você pense menos em colheitas do que aqueles, isso
não deve ser levado a extremos. Não devemos esquecer as estações e as
épocas. Há muito a aprender delas, e quero avivar suas lembranças de
como é um campo de ceifa. Esse mundo é um templo maravilhoso, que Deus construiu para que o ser humano o adorasse nele. E um templo maravilhoso para a mente esclarecida, que pode aplicar nele os recursos do intelecto
e a iluminação do Espírito Santo! Não há uma única flor nele que não
nos ensine uma lição, não há uma onda, um trovão que não tenha algo a
dizer a nós, filhos dos homens. Este mundo é um grande templo, e assim
como você, ao andar por um templo egípcio, sabe que cada sinal e cada figura têm um significado, deve saber também que, quando anda por este mundo, tudo tem algum sentido para você. Não é uma idéia despropositada dizer que "há sermões nas pedras", pois este mundo foi criado para nos ensinar com cada coisa que vemos. Feliz é aquele que tem mente e espírito abertos para aprender essas lições da natureza. O que são as flores? Nada menos que pensamentos concretos de Deus, pensamentos belos aos quais ele deu forma. O que são as tempestades? Pensamentos terríveis de Deus, escritos para que possamos lê-los. O que são os trovões? Expressões emocionais de Deus que podemos ouvir. O mundo nada mais é que a materialização dos pensamentos de Deus, uma idéia a seus olhos. Ele o fez de um pensamento que surgiu em sua mente poderosa, e tudo neste majestoso templo que ele fez tem um significado.
Neste templo há quatro evangelistas. Assim como temos quatro
grandes evangelistas na Bíblia, há quatro também na natureza. São os
quatro evangelistas das estações — primavera, verão, outono e inverno.
Primeiro vem a primavera, e o que ela diz? Olhamos e vemos como, pelo toque mágico
da primavera, insetos que pareciam estar mortos começam a acordar,
sementes que estavam sepultadas no pó começam a erguer suas formas
esplêndidas. O que diz a primavera? Ela levanta sua voz e diz ao ser humano: "Mesmo que você adormeça, você voltará a se levantar; há um mundo em que você existirá numa forma mais gloriosa; agora você é uma semente e será sepultado no pó, mas pouco depois você ressuscitará." A primavera anuncia essa parte do seu evangelho. Depois vem o verão. Este diz ao ser humano: "Contemple a bondade do Criador amoroso: 'Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons';(Mt 5.45) eis salpica a terra com flores, cobre-a
com essas jóias da criação. Ele faz a terra florir como o Éden e
produzir como o jardim do Senhor." É o que diz o verão. Depois vem o outono, do qual ouviremos a mensagem. Ele passa, e vem o inverno, coroado com gelo, que nos diz que há tempos difíceis para o ser humano. Ele aponta para os frutos que estocamos no outono, e nos diz: "Homem, veja se reserva alguma coisa para si, algo para o dia da ira; guarde os frutos do outono, para poder alimentar-se deles no inverno." Quando o ano velho acaba, seu sino fúnebre nos diz que o ser humano precisa morrer; e quando o ano termina sua mensagem evangelística, vem outro para ensinar a mesma lição de novo.
Nós
vamos deixar o outono pregar. Um dos quatro evangelistas dá um passo à
frente e pergunta: "Não é, agora, o tempo da sega do trigo?" Iremos
pensar um pouco na colheita, a fim de aprender algo dela. Que o bendito
Espírito de Deus ajude seu pó e cinzas fraco a pregar sobre as insondáveis riquezas de Deus, para proveito da sua alma!
Falarei de três colheitas alegres e três colheitas tristes, começando com as alegres.
A primeira colheita feliz que quero mencionar é a do campo
do qual Samuel falou no texto acima. Não podemos esquecer a colheita do
campo. Não é bom esquecer destas coisas: não devemos olhar os campos
cobertos de trigo e seus tesouros estocados em silos, sem nos lembrarmos
da bondade de Deus. A ingratidão, o pior dos males, é uma dessas
víboras que faz seu ninho no coração humano, e a serpente não pode ser
morta enquanto a graça divina não vir e aspergir o sangue da cruz no
coração do homem. Todas as cobras morrem quando o sangue de Cristo vem sobre elas. Deixe-me levá-lo por um momento
para um campo em época de colheita. A plantação pode ser esplêndida, as
espigas curvando-se quase até o chão de tão pesadas, como que dizendo:
"Eu venho do chão, é a ele que devo tudo; por isso me curvo", assim como
faz o bom cristão quando está repleto de anos. Quanto mais fruto ele
tem sobre si, mais inclinada está sua cabeça. Quando você vê as hastes inclinando as espigas, é porque estão maduras. E bom e precioso ver essas coisas.
Agora imagine o contrário.
Imagine que este ano as espigas ficaram doentes e secas, que estão como
o segundo feixe de trigo que o faraó viu, muito magras e pobres. O que seria de nós? Em época de paz poderíamos contar com suprimentos abundantes da Rússia para compensar a deficiência; agora, em tempos de guerra, quando nada pode vir, o que seria de nós? Podemos, conjeturar, (Era a época da guerra da Criméia) podemos imaginar, mas não creio que possamos achar uma solução. Só podemos dizer: Graças a Deus ainda não precisamos contar com o que poderia ser; Deus, vendo uma porta fechada, abriu outra. Ao ver que não conseguiríamos suprimentos dos campos ricos do sul da Rússia, ele abriu uma porta em nossa própria
terra. "Tu és minha ilha favorita", ele diz; "eu te amei, Inglaterra,
com um amor especial. Tu és minha favorita, o inimigo não te esmagará.
Para que não morras de fome, por falta de provisões, eu te encherei os
galpões em casa. Teus campos estarão cobertos, para que possas zombar do
inimigo: 'Não irás nos assustar e nos fazer passar fome; aquele que
alimenta os corvos deu comida ao seu povo e não abandonou sua terra
favorita,'" Não há uma só pessoa que não esteja interessada nesse
assunto. Alguns dizem que os pobres deveriam ser gratos por haver
abundância de pão. Os ricos também. Não há nada que aconteça com um
membro da sociedade que não afete a todos. Os degraus da hierarquia
apoiam-se uns nos outros; se há escassez nas fileiras mais baixas, ela
atinge o degrau acima, e o próximo, e o seguinte, e até a rainha em seu
trono sente a escassez até certo ponto, quando Deus se agrada em
enviá-la. Ela afeta todas as pessoas.
A segunda colheita feliz é
a colheita de todo cristão. Em certo sentido o cristão é a semente, em
outro ele é o ceifeiro. Em um sentido ele é a semente que Deus planta e
que deve crescer e amadurecer, germinar até o grande tempo da colheita.
Em outro sentido, todo cristão é um semeador enviado ao mundo para
plantar somente boas sementes. Com isso não estou dizendo que os
cristãos nunca plantam outras sementes que não as boas. Às vezes, quando
não nos cuidamos, tomamos alho nas mãos em vez de trigo; e podemos
semear ervas daninhas em vez de cereal. Os cristãos às vezes cometem
erros, e às vezes Deus deixa seu povo cair, de modo que semeiam pecados.
Só que o cristão nunca colhe os seus pecados; Cristo os colhe por ele.
Muitas vezes o cristão tem de tomar uma infusão feita com as folhas
amargas do pecado, mas ele nunca colhe os seus frutos. Cristo já recebeu
o castigo. Tenhamos em mente, porém, que, se você e eu pecarmos contra
Deus, ele tomará nosso pecado e fará dele uma essência que será amarga
ao nosso paladar. Ele não nos obriga a comer os frutos, mas mesmo assim
ele nos fará sentir tristeza e arrependimento por nossos crimes. O
cristão, todavia, como eu disse, deve estar empenhado em semear sementes
boas, e assim ele fará uma colheita gloriosa.
Em um ou outro sentido o cristão estará semeando. Se Deus o chama para o ministério, ele está plantando. Qualquer que seja sua profissão, ele planta. Eu espalho sementes por um campo
muito vasto, não consigo ver aonde vão todas elas. Parte do campo é
como chão duro, e resistem à semente que eu lanço. Deixe-os — não faço
objeção de que qualquer pessoa o faça. Eu sou responsável somente a
Deus, de quem sou servo. Há outros sobre quem minha semente cai para
produzir pouco fruto, pois quando o sol se levanta, por causa da
perseguição eles secam e morrem. Entretanto, espero que haja muitos
que são como o solo bom que Deus preparou, de modo que, quando espalho a
semente, ela cai em terra fértil e produz uma colheita abundante. Sim,
um pastor tem uma colheita alegre, já neste mundo, quando vê pessoas se
convertendo.
Todo cristão
tem sua colheita. O professor de escola dominical tem a sua: ele
prepara e ara solo às vezes muito pedregoso, mas terá sua colheita. Oh,
pobre professor de crianças, você ainda não viu fruto? Você diz também:
"Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do
Senhor?"(Is 53.1) Anime-se, você trabalha numa boa causa, é necessário que alguém faça este trabalho. Você ainda não viu nenhuma criança se converter? Não tenha medo, você não pode esperar que a semente brote muito rápido, mas
Apesar de há tempo estar no chão, Não decepcionará; Preciosa ceifa dá o grão — Deus o garantirá.
Continue semeando em silêncio, e você terá a sua colheita quando vir as crianças se convertendo. Conheci professores de escola dominical que podiam contar uma dúzia, vinte
ou trinta crianças que uma após outra vieram a conhecer o Senhor Jesus
Cristo e se juntaram à igreja. Mesmo que você não for viver para vê-lo
aqui na terra, lembre-se que você é responsável por seu trabalho, não
por seu sucesso. Continue trabalhando e semeando! "Lança o teu pão sobre
as águas, porque depois de muitos dias o acharás."(Ec 11.1) Deus não deixará que sua palavra seja desperdiçada: "Não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz."
Houve uma vez um menino, uma criança muito cheia de pecados, que não ouvia os conselhos dos seus pais. Porém sua mãe
orava por ele, e agora ele prega a esta comunidade todos os domingos.
Quando sua mãe lembra que seu primogênito está pregando o evangelho,
ela faz uma colheita gloriosa que a torna uma mulher feliz. Bem, pais e
mães, este pode ser o caso de vocês. Por piores que sejam seus filhos no
presente, continuem insistindo no trono da graça, e vocês terão sua
colheita. O que você acha, mãe: você não se alegraria de ver que seu
filho é um ministro do evangelho? Sua filha ensinando e auxiliando na
causa de Deus? Deus não permitirá que você ore sem que suas orações
sejam respondidas.
Jovem, sua mãe
já lutou um bom tempo por você, e ela ainda não ganhou a sua alma. Você
está roubando a colheita da sua mãe! Se ela tivesse um pequeno pedaço
de chão ao lado da sua cabana onde ela plantou um pouco de trigo, você
iria queimá-lo? Se ela tivesse uma flor especial em seu jardim, você a
pisotearia? Você que está andando no caminho dos condenados, você está
roubando a colheita dos seus pais. Talvez haja aqui alguns pais que
estão chorando por seus filhos e filhas, porque estão endurecidos e não
querem se converter. Deus, faz os corações deles voltarem! Porque amargo
é o destino do homem que vai para o inferno por um caminho que foi
lavado pelas lágrimas da sua mãe, que tropeça sobre os avisos do seu
pai, que pisoteia as coisas que Deus pôs em seu caminho — as orações da
sua mãe e os suspiros do seu pai. Deus impeça que alguém faça uma coisa
dessas! E graça maravilhosa se ele o ajuda.
Você
terá sua colheita onde quer que for. Eu imagino que todos vocês estão
fazendo alguma coisa. Não posso mencionar a atividade de cada um, mas
confio que cada um esteja servindo a Deus de alguma maneira, e vocês
certamente terão sua colheita em cada direção em que jogarem a semente.
Mas imaginemos o pior — que você não vá viver para ver a colheita neste
mundo: você terá sua colheita quando chegar no céu. Se você vive e morre
como uma pessoa desapontada neste mundo, você não será desapontado no
próximo. Eu imagino como alguns filhos de Deus ficarão surpresos quando
chegarem ao céu. Eles verão seu Mestre, e ele lhes dará uma coroa:
—Senhor, por que esta coroa?
—Esta coroa é porque você deu um copo de água fria a um dos meus discípulos.
—O quê? Uma coroa por causa de um copo de água fria?
—Sim — diz o Mestre, — é assim que pago a meus servos. Primeiro lhes dou a graça para darem aquele copo de água, depois lhes dou a coroa.
"Na presença
de Deus há milagres da graça." Aquele que semeia com generosidade
ceifará liberalmente, e o que semeia com avareza colherá esparsamente.
Bem, amados, preciso mencionar rapidamente a terceira colheita feliz. Tivemos a colheita do campo e a colheita do cristão. Temos agora a terceira, que é a colheita de Cristo.
Cristo
teve seu tempo de semeadura. Que tempos amargos foram aqueles! Cristo
saiu levando sementes preciosas. Oh, eu imagino Cristo semeando no
mundo. Ele semeou com lágrimas;
semeou com gotas de sangue; semeou entre suspiros; semeou com agonia no
coração; e, por último, semeou a si mesmo no chão, para ser a semente
de uma colheita gloriosa. Que tempo de semeadura foi o dele! Ele semeou em tristeza, em pobreza, em compaixão, em lamento, em agonia, em dores, em sofrimento e em morte. Ele também terá a sua colheita. Jeová o jura, bendito seja o seu nome: a predestinação eterna
cio Todo-poderoso determinou que Cristo terá a sua colheita. Ele semeou
e haverá de colher. Ele espalhou e terá sua recompensa. Ele "verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará
nas suas mãos." (Is 53.10) Meus amigos, Cristo já começou a fazer sua colheita. Sim, cada alma; que se converte é parte da sua recompensa; toda pessoa que vem
ao Senhor é parte dela. Toda alma arrancada da lama e colocada no
caminho do Rei é parte da colheita de Cristo. Entretanto, ele colherá
ainda muito mais. Há uma grande colheita a vista no último dia, quando ele colherá braçadas cheias de feixes e os colocará em seu depósito. Atualmente as pessoas vêm a Cristo um por um, em dois ou em três, mas então virão em grandes grupos, de modo que a igreja dirá: "Quem são estes que vêm como pombas para suas janelas?."
Haverá uma colheita maior quando não houver mais tempo. "Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham." Elas não
vão antes, para esperá-los no céu. "Olhei, e eis uma nuvem branca, e
sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça
uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do
santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado
sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar,
visto que a seara da terra já amadureceu. E aquele que estava sentado
sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada."8 Esta é a colheita de Cristo.
Observe também
que há primeiro uma colheita e depois uma vindima. A colheita é dos
justos, a vindima dos ímpios. Os ímpios são reunidos por um anjo, mas
Cristo não deixa a colheita dos justos para os anjos: "Ele [...] passou a
sua foice." O minh'alma, quando você for morrer, o próprio Cristo virá
ao seu encontro; quando fores cortada, será quase instantaneamente, com a
foice afiada daquele que está sentado no trono. Ele mesmo fará a
colheita; ninguém a não ser o Rei dos santos poderá reunir os que
pertencem a Cristo. Não será uma colheita cheia de júbilo quando toda a
raça eleita, um por um, for trazida?
Agora precisamos
nos voltar para as três colheitas tristes. Que grande pena! O mundo
antigamente era como uma harpa eólica; todo vento que soprava nela
criava uma melodia. Agora as cordas estão frouxas e discordantes, e
quando tocamos as notas da alegria, os tons graves da tristeza logo as
sucedem.
A primeira colheita triste é
a da morte. Todos nós vivemos para quê? Para o túmulo. Às vezes sento e
penso nestes termos: O que é o ser humano? Ele cresce, cresce, até
chegar no seu auge, lá pelos quarenta e cinco anos, se Deus lhe permitir
chegar até lá. Então, o que ele faz? Ele continua por mais um pouco
onde está, e depois começa a descer a colina. Se continua a viver, é
para quê? Para morrer. As chances são muitas de ele não chegar aos
setenta: ele morre cedo. Não vivemos todos nós para morrer? Entretanto,
ninguém morre antes de estar maduro. A morte nunca ceifa seu trigo
verde, só corta o cereal quando ele está maduro. Os ímpios morrem, mas
sempre quando estão maduros para o inferno. Aquele pobre ladrão que não
creu em Jesus quando faltava talvez uma hora para a sua morte — ele
estava tão maduro como um santo de setenta anos de idade. Os santos
estão sempre prontos para a glória quando vem a morte, o ceifeiro, e os
ímpios estão
sempre maduros para o inferno quando Deus decide mandar chamá-los. O
grande ceifeiro passa pela terra, deitando centenas e milhares por
terra! Tudo em silêncio; a morte não faz barulho com seus movimentos,
ela pisa a terra com pés de veludo — ninguém pode resistir ao ceifeiro
incansável. Ele é invencível, e ceifa, ceifa, derrubando a todos. Às
vezes ele pára e afia sua foice; em seguida ele a mergulha em sangue,
ceifando-nos com guerras; ele toma sua pedra de afiar, a cólera, e
ceifa mais ainda. Ele grita sempre: "Mais! mais! mais!" O trabalho não
pára. Ceifeiro espetacular! Quando você vier me ceifar, não poderei lhe
resistir; terei de cair como os outros. Quando você vier, não terei nada
para dizer. Terei de ficar no meu lugar como uma haste de trigo, e você
me cortará! Que o Senhor esteja ao meu lado, me conforte e me anime;
que eu descubra que a morte é um anjo da vida — que a morte é o portal
do céu; que ela é o pórtico exterior do grande templo da eternidade, que
ela é sala de entrada da glória!
Há
uma segunda colheita triste, que é a que o ímpio tem de colher. A voz
inspirada disse: "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará." Há
uma colheita que espera por todos os ímpios neste mundo. Ninguém peca
contra seu corpo sem colhe* os resultados disso. O jovem diz:
"Pequei e fiquei impune." Parado aí, meu jovem! Vá para aquele
hospital, veja as pessoas consumindo-se em suas doenças. Veja este
infeliz, trêmulo e inchado, e eu lhe digo — recolha sua mão! Ou você se
tornará como ele. A sabedoria manda você parar, porque seus passos o
estão levando para o inferno. Se você entrar "em casa alheia",10 você terá a sua colheita. Há a colheita que toda pessoa recebe quando peca contra seus companheiros. Aquele
que pecar contra outra criatura terá sua colheita. Alguns homens andam
por este mundo como guerreiros com esporas nos pés, pensando que podem
pisar em quem quiserem, mas eles se depararão com seus erros. Quem peca
contra os outros, peca contra si mesmo; assim é a natureza. Há uma lei
na natureza, que uma pessoa não pode ferir seus companheiros sem ferir a
si mesma. Você que causa tristeza a outros corações, não pense que a
tristeza vai ficar por ali; você terá de colher as conseqüências para
si. E ainda, ninguém pode pecar contra sua propriedade sem colher os efeitos disso. O vilão miserável que amontoa seu ouro, ele peca contra seu ouro.
Ele se corrói,
e daquela fortuna guardada ele receberá uma colheita. Sim, este patife
miserável, sentado à mesa à noite e forçando seus olhos cansados para
contar seu ouro, este homem faz sua colheita. A mesma coisa faz o jovem
gastador. Ele terá sua colheita quando todos os seus bens estiverem
desperdiçados. Sobre o filho pródigo lemos que "ninguém lhe dava nada" —
ninguém daqueles que ele antes divertia — e a mesma descoberta fará o
pródigo de hoje. Ninguém lhe dará nada. A pior colheita, porém, terão
aqueles que pecarem contra a igreja de Cristo. Não quero que
ninguém peque contra seu corpo; não quero que ninguém peque contra sua
propriedade; não quero que ninguém peque contra seus companheiros; mas,
acima de tudo, não quero que ninguém toque na igreja de Cristo. Aquele
que toca no povo de Deus, toca na menina dos seus olhos.
A terceira colheita triste é
a colheita da ira do Todo-poderoso, quando for a hora de reunir os
ímpios. No capítulo 14 do Apocalipse você vê que Deus mandou o anjo
reunir as uvas, colocá-las no tanque, depois do que o anjo as pisou até
que o sangue escorreu, chegando até os freios dos cavalos numa extensão
de 300 quilômetros. Que
quadro esplêndido para expressar a ira de Deus! Imagine um grande
tanque, onde nossos corpos são jogados como uvas; imagine um enorme
gigante pisando a todos. Essa é a idéia —- que os ímpios serão
amontoados e um anjo os amassará sob seus pés até que o sangue escorra
até um metro de altura. Que Deus, em sua misericórdia soberana, garanta
que nem você nem eu tenhamos uma colheita como essa; que Deus não nos
ceife nessa colheita terrível, mas que tenhamos nossos nomes escritos
entre os santos do Senhor!
Você
terá sua colheita na hora certa, se não desanimar. Continue semeando,
meu irmão, minha irmã; no devido tempo você fará uma colheita abundante.
Extraído de Teachings of nature in the kingdom of grace. (Também no Harves time - Sermão 2897 - Agosto de 1854).
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